na ponta dos meus dedos

Uma maneira de trazer novos conteúdos a vocês e de compartilhar uma miríade de coisas que me interessam e que, de uma forma ou de outra, aparecem em minhas obras. Cliquem na imagem abaixo (ou no menu superior) e venham me visitar. Espero vocês por lá 😉

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O Orgulho LGBT e a Rebelião de Stonewall

A história homossexual é a história da sexualidade humana, de sua diversidade, e da tendência social à normatização e marginalização de minorias. Essa história se perde no tempo e não pode ser contada em poucas palavras. Contudo, olhando somente para a história moderna, vale dizer que há apenas 50 anos a homossexualidade era crime em quase todos os Estados norte-americanos. O primeiro Estado a descriminalizar a relação entre pessoas do mesmo sexo foi Illinois, em 1962, mas a criminalização persistiu até 2003 (sim, você leu certo, 2003!) em pelo menos 14 Estados americanos, quando foi derrubada pela Suprema Corte dos Estados Unidos.

Assim, não é de estranhar que em 1969 as batidas policiais em lugares frequentados pela população LGBT fossem comuns. Para piorar o quadro, os bares eram proibidos de vender bebida alcoólica a gays (!!!) o que colocava todos os bares LGBTs em clandestinidade e, claro, reforçava o argumento legal a favor das batidas policiais.

Nas primeiras horas do dia 28 de Junho de 1969 o bar Stonewall Inn recebeu mais uma das rotineiras fiscalizações. Os policiais chegaram acendendo a luz e pedindo documentos de todos os presentes. Em seguida, procederam às prisões. Tudo absolutamente normal. Entretanto, aquela era uma noite excepcionalmente quente e as ruas em volta estavam cheias de pessoas em busca de diversão. O Stonewall Inn ficava em um conhecido reduto gay, o bairro de Greenwich Village, em Manhattan. Quando a ação policial começou, uma multidão se formou na porta do bar. Os jovens LGBTs, rendidos pela polícia, ao sair para rua e se deparar com a multidão, começaram a rir e acenar para as pessoas. Os policiais classificaram a atitude como deboche e começaram a bater nos jovens. Era aproximadamente duas horas da madrugada.

Stonewall_Inn_1969

Fachada do Stonewall Inn em 1969

Do outro lado da rua alguém gritou para os policiais pararem de bater, o que não aconteceu. Em seguida, atiraram uma garrafa nos agentes da polícia. Depois voaram latas de cerveja, pedras, lixo. Enfurecida, a população partiu para cima dos policiais que, acuados, se trancaram dentro do bar. As pessoas quebravam vidraças, tentavam entrar. O reforço policial chegou e a confusão se alastrou por longos seis dias¹.

Por que a Rebelião de Stonewall, como o episódio ficou conhecido, é tão importante para a nossa história? Ela mudou a forma como os homossexuais eram tratados nos Estados Unidos? Não. Ser gay e sair para tomar uma cervejinha continuou tão proibido quanto antes, e isso persistiu por muitos anos. Entretanto, após a luta aberta entre policiais e pessoas LGBTs, as associações de defesa dos direitos homossexuais ganharam mais e mais adeptos. Novas associações foram criadas na mesma época, e o movimento civil pelos direitos homossexuais ganhou uma nova dimensão histórica. A pressão que a população LGBT passou a exercer sobre autoridades e órgãos institucionais foi, lentamente, abrindo espaços e demolindo preconceitos.

28 de Junho de 1970. Exatamente um ano após a Rebelião, a comunidade LGBT nova-iorquina foi novamente às ruas, dessa vez em passeata pacífica, homenageando a coragem daqueles jovens revoltosos. Essa foi a primeira Parada Gay do mundo, e desde então 28 de Junho é o Dia Internacional do Orgulho LGBT, sendo junho o Mês do Orgulho LGBT, época em que acontecem as principais Paradas de todo o mundo. E, graças a esse movimento crescente, vamos conquistando desde o simples direito de tomar um drinque em paz, até o direito de casar e constituir famílias. Ainda há muito o que conquistar. E ainda precisamos de braços fortes para defender os direitos que já conquistamos, e que são frequentemente ameaçados em todos os cantos do planeta. Mas Stonewall nos ensinou que unidos somos mais fortes. E por isso, hoje, desfilamos de braços dados, lado a lado, para defender nosso direito à existência e à felicidade.


¹ Esta é uma das versões dos fatos (e eu gosto dela, porque é bem cenográfica). Existe outra, de que os frequentadores do bar reagiram ao serem presos, e ainda uma terceira (e talvez mais provável) que mescla tudo isso. Seja como for, esse foi o dia em que o Nosso Orgulho explodiu pelas ruas e fez valer seu grito.


 

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Solarium

Uma professora estressada com seu trabalho, uma estudante em busca de um futuro melhor. Não poderia haver pior momento para se encontrarem. Mas quem disse que o destino se importa com isso?

Solarium – hoje no
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Escrita criativa

Um escritor, como um atleta, deve “treinar” a cada dia. O que eu fiz hoje para “manter a forma”? 
(Susan Sontag)

Embora cercado pela mística da musa e da inspiração, o ofício de escritor é, na realidade, um aprendizado recheado de acertos e falhas, como todo aprendizado. O grande texto nasce mais do exercício e da prática constante do que da inspiração miraculosa. Ou, como disse Neruda, é 1% inspiração e 99% transpiração.

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Existem muitas formas de exercitar a escrita. A mais básica, importante – diria mesmo primordial – é escrever todo dia. Mas também é importante sair do seu quadradinho e exercitar outras características fundamentais ao escritor: observação, empatia e criatividade. Para isso existem muitos exercícios, desde a escolha aleatória de um tema, escrever uma história a partir de uma imagem ou uma música, observar uma cena na rua e começar uma história a partir dela, e tantos outros quanto sua imaginação alcançar. Estrambólico, conto publicado hoje aqui no blog, nasceu de um exercício assim: escrever um pequeno texto a partir da proposição “alguém estranho”. Pirei um pouco na maionese – ou seria pizza? – mas, afinal, somos todos um pouco estranhos, não é? 😉

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Grátis – A Viagem, conto genderqueer

Pensei o quanto desconfortável é ser trancado do lado de fora; e pensei o quanto é pior, talvez, ser trancado no lado de dentro.
(Virginia Woolf)

Virginia Woolf é, e sempre será, uma das minhas grandes referências literárias. Apesar disso, a frase não influenciou a criação de meu conto A Viagem. Ao contrário, só a encontrei anos após a conclusão do texto, mas dialoga tão bem com o que escrevi que me pareceu forçoso iniciar o conto com essa citação, quando decidi publicá-lo.

A Viagem foi escrito em 2010, e ficou arquivado na espera de um complemento que nunca veio. Depois de tentativas frustradas de continuar a história e transformá-la em romance, acabei por me convencer de que era mesmo um conto, e estava pronto. Tudo o que eu pretendia dizer estava ali, nas linhas e entrelinhas da história de Alex. Trata-se de uma releitura pessoal do mito do Andrógino, uma fantasia sobre corpos, desejos, gêneros e autoaceitação.

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A Viagem está de graça até o dia 29 de Janeiro. Para baixá-lo basta clicar aqui.

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Feliz 2018

2017, regido por Saturno, o Grande Estruturador , foi um dos anos mais difíceis de minha vida. Mortes, perdas, rompimentos. E não foi só comigo: acompanhei o mesmo na vida das pessoas mais próximas. Mas, tanto pra mim quanto pra elas, teve muitas coisas boas, também. Na minha vida, por exemplo, teve Aléssia, que foi uma aventura inesquecível. Teve o lançamento de Amigas, que já se tornou meu livro mais vendido. Teve pessoas maravilhosas chegando, projetos excitantes surgindo. Porque a vida é assim: altos e baixos, fins e começos, mortes e nascimentos. E Saturno, também chamado de Mestre, veio nos mostrar isso na prática.

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2018 está chegando e será regido por Júpiter, o Grande Beneficiador. Ah, então vai ser um ano fácil, certo? Não. Depende de você. Júpiter é como uma lupa: ele vai ampliar aquilo em que você focar. Como Saturno nos mostrou, a vida tem seus altos e baixos e não temos controle sobre esses eventos. A realidade muitas vezes chega batendo na cara, sem dó nem piedade, e não podemos fugir. Não temos controle sobre o mundo externo. Contudo, somos os soberanos de nosso mundo interno e podemos escolher como lidar com aquilo que nos atinge.

MakeGoodChoices

A vida nos dá lições. Podemos aprendê-las ou podemos negá-las. Podemos crescer ou podemos nos vitimizar. O que você escolhe? Júpiter fortalecerá, seja lá qual for a sua escolha.

Desejo-lhe, de coração, que suas escolhas sejam sábias e que, por mais difícil que seja a viagem, você nunca perca a sensibilidade de apreciar a paisagem. A vida é só um instante. Escolha ser feliz. Agora.

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Aventura

Esse é um conto que nos instiga a seguir em frente, mesmo quando parece impossível. Uma das últimas coisas que escrevi em 2017, no meio do caos e da roda viva que é o fim de cada ano pra mim. Não houve intenção, apenas aconteceu: do nada a história veio, insinuante, com personagens sobrevivendo em um ambiente inóspito. Aventura, muitas vezes, é seguir adiante, desafiando ambientes pouco acolhedores e nada receptivos aos nossos sonhos. Ainda assim, é preciso ouvir nosso coração, seguir nosso destino e enfrentar o deserto. Mesmo quando todos nos dizem para desistir.

Esse é o recado de Jana para vocês. Esse é meu desejo de Ano Novo para todos os leitores do blog: que em 2018 tenhamos coragem para viver. O resto é consequência 😉

Todos os dias faça alguma coisa de que você tem medo
Eleanor Roosevelt

Leia o conto abaixo e, se puder, me diga o que achou 🙂

A V E N T U R A – UM CONTO DE ANO NOVO

F E L I Z    A N O    N O V O !    V E M ,  2 0 1 8 !

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5 razões pelas quais você deve escrever um livro

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília mostra que o perfil do escritor brasileiro é o mesmo há 50 anos: homens (72,7%) brancos (93,9%) com diploma superior (78,8%) que moram no Rio de Janeiro ou em São Paulo (47,3% e 21,2%, respectivamente). Ou, pelo menos, são esses os que nossas grandes editoras insistem em publicar. Então, se você não se enquadra dentro desse perfil, isso já é um motivo para escrever. Mas vamos mais fundo na questão. Afinal, por que você deve escrever – e publicar! – um livro?

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1) Diversidade

Precisamos de novas vozes na literatura. Precisamos de histórias, vivências e personagens que ampliem nosso conhecimento e nossas experiências. Literatura é, antes de mais nada, diálogo, e estamos há tempo demais dialogando com as mesmas pessoas. Novas vozes implicam em novos pontos de vistas, novos argumentos e, principalmente, novas vivências compartilhadas. Se você não é homem, branco, hetero e com nível universitário, venha nos contar suas histórias: queremos ouvir o que você tem a dizer.

2) Representatividade

Pense comigo: não seria bacana pegar um romance e encontrar um personagem que se parecesse com você, que vivesse coisas semelhantes às suas vivências pessoais? Isso se chama representatividade, e é muito importante no processo de formação e aceitação de qualquer pessoa. Contudo, se você não está dentro do perfil do escritor brasileiro, então é provável que essa experiência de se reconhecer em um personagem lhe seja rara. A pesquisa da UnB mostra que  os personagens dos romances são, em sua maioria, homens (62,1%) e heterossexuais (81%). Precisamos de gente que escreva sobre mulheres, pobres, gays, negros, lésbicas, mães solo, bissexuais, cadeirantes, indigenas, transexuais, neurodivergentes e tudo o mais que há na imensa fauna humana. E quem melhor do que você, que foge ao padrão do escritor brasileiro, para nos trazer esses personagens maravilhosos e tão necessários à nossa literatura?

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3) Visão de Mundo

Cada ser humano é único, possui vivências únicas e uma visão de mundo absolutamente particular. Escrever é compartilhar sua visão de mundo, dialogar com outras visões pessoais e, nesse diálogo, ampliar o seu mundo interior e o do outro. Por isso é tão importante termos uma pluralidade de escritores: para termos diversos discursos, diversas visões de mundo. Sem isso não há real crescimento cultural. Sem esse diálogo, o que há é imposição de uma cultura dominante. Já tivemos disso por tempo demais, está na hora de revolucionar. Então escreva, faça história, seja revolucionário!

4) Autoconhecimento

Mas nem só de diálogo com o outro vive o ser humano. Antes de estar apto ao relacionamento interpessoal, é preciso se conhecer. Contudo, já vai longe o tempo em que havia silêncio e espaço para a conversa íntima de eu-comigo-mesmo. O progresso não apenas dificultou como, em certa medida, ridicularizou o diálogo interno. No Brasil, ser introvertido é praticamente crime, e isso não é de hoje. Mas no século XXI, a era das redes sociais, ficou ainda pior. Somos convocados a dar palpites na vida alheia e tomar partido em todos os acontecimentos mundiais, mas não nos perdoam se gastamos alguns minutos ouvindo os próprios pensamentos. Só que, sem saber quem você é, como saber onde você quer chegar? Como saber o que lhe dá prazer, o que lhe traz alegria? A sociedade nos cobra uma aparência de felicidade-vinte-e-quatro-horas, mas nos impede de ter contato com nosso eu interior, única maneira de ter felicidade real. Pois bem: para escrever, é necessário voltar-se para dentro. A luta com as palavras é, na verdade, o embate para descobrir o que sua alma quer dizer. E quando você encontrar, terá pronta sua mensagem para o mundo. E é essa a mensagem que as outras pessoas querem ler, pois é através dela que encontrarão um caminho para sua própria individualidade. O autoconhecimento é o caminho para a felicidade nossa e das pessoas que nos rodeiam.

5) Nunca foi tão fácil

“Nunca antes na história deste país”, aliás, na história do mundo, os meios de comunicação estiveram tão democráticos e acessíveis. Publicar um livro, hoje, está ao alcance de qualquer pessoa a custo baixo. No meu próximo post falarei com mais calma sobre plataformas de autopublicação, mas a verdade é que agora só depende de você. Não é necessário cair nas graças de um editor  (o que, aliás, não iria acontecer, se você não é homem branco com nível superior e morando no eixo Rio-São Paulo, certo?). Não é preciso o famoso Q.I. para indicar seu trabalho. Basta colocar mãos à obra, ter cuidados com a qualidade do que faz, então publicar e divulgar. Você vai ficar rico? Provavelmente não. Famoso? Nope. Então por que fazer isso? Minha resposta é: para mudar o mundo. Está bom pra você? 😉

TellAStoryChangeTheWorld

Cilque aqui e conheça a pesquisa que originou esse post.

Quer representatividade e novos pontos de vista em sua vida? Conheça meus livros:

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Biografia para livros

Ðiana Řocco é paulista, nascida em 1965, pouco após o golpe militar. Cresceu durante a ditadura e aprendeu que o silêncio e a prudência podem salvar vidas. Em seu processo de desenvolvimento identificou-se progressivamente como bissexual, lésbica, andrógina até compreender-se como uma pessoa sem gênero definido. Sua vivência despertou o interesse em estudos de gênero e sexualidade humana, campos nos quais possui formação sólida. É autora de histórias que abordam questões do viver feminino, bem como o amor entre mulheres e a transgressão de gêneros. Assume-se como viciada em chocolate, gosta de bala de anis e não se importa em ser tratada no feminino ou no masculino.

Livros Publicados:
TheoDora e Outras Mulheres
Clarice Luz e Sombras
Amigas
A Viagem

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Amigas – você não leu tudo!

Em Setembro de 2016 publiquei uma história em três capítulos no Lesword: Amigas. Com um mote simples — o reencontro de três colegas de faculdade — o texto abria um leque de perguntas sobre o envelhecimento, a vida, a juventude e o amor. Nesses três capítulos acompanhamos as angústias de Aurora, uma dona de casa lidando com as transformações físicas da menopausa, e que é surpreendida por um segredo que vem à tona após quase trinta anos.

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